Brasil: Como a tecnologia duplicou a produtividade da batatas chips no Brasil?
PepsiCo criou parcerias duradouras com produtores para tropicalizar cultivo do aperitivo.
Batatas fritas são um dos aperitivos favoritos dos consumidores em todo o mundo, mas tornar esse tubérculo altamente produtivo é um desafio nas condições climáticas e de solo brasileiras.
É por isso que a PepsiCo vem construindo parcerias sólidas com produtores rurais nos últimos 30 anos através do compartilhamento de tecnologia.
O Brasil tem um enorme mercado interno com cerca de 203 milhões de habitantes e garantir o abastecimento de batata é crucial para a multinacional no país.
“Portanto, esta é uma cultura que temos trabalhado muito para tropicalizar sua produção”, afirma Ricardo Galvão, diretor de Agronegócios da PepsiCo Brasil.
Atualmente, a empresa compra até 35% da produção brasileira de batatas chips (cerca de 125 mil toneladas) de 25 agricultores que aumentaram, em média, sua produtividade em 100% em duas décadas.
Segundo Galvão, o pacote tecnológico da PepsiCo abrange diversas frentes: genética, produção preditiva, monitoramento por drones, sensores de solo, análise de dados e irrigação inteligente, entre outras.
“Juntamente com nossos agricultores parceiros, sempre buscamos aumentar a produtividade e a qualidade das batatas. Hoje, temos produtores com manejo de lavoura bastante profissionalizado e com um grau de adesão a tecnologias de ponta muito interessante”, acrescenta.
Genética patenteada
Originalmente, as batatas vieram dos Andes, que têm altitudes elevadas e terras frias. As condições brasileiras, em sua maioria, são exatamente opostas, com áreas relativamente baixas e altas temperaturas.
Assim, a PepsiCo precisou desenvolver sua genética de batata patenteada para os agricultores brasileiros. Atualmente, os chamados Fritolays correspondem a 75% da colheita dos agricultores parceiros.
“São batatas que desenvolvemos para garantir melhor desempenho em diferentes regiões do país. Nossos agricultores parceiros as adotaram, porém, há 25% da variedade Atlântica, que é de domínio público”, explica Galvão.
Agricultura preditiva
As condições climáticas e de solo do Brasil exigem medidas adicionais para uma produção eficiente de batata. Entre eles, Galvão cita sistemas avançados de monitoramento e gestão, além de ferramentas específicas como drones ou equipamentos de irrigação.
“Essas tecnologias já estão sendo utilizadas por produtores locais de batata no Brasil a partir da parceria com a PepsiCo. Faz aumentar a produtividade, reduzir custos e elevar a sustentabilidade”, disse.
O executivo listou algumas dessas soluções já aplicadas pelos seus fornecedores brasileiros de batata:
O software Crop Talk permite que 72% dos fornecedores da PepsiCo consultem um banco de dados em tempo real para tomar melhores decisões sobre clima, pragas e água.
O AgroScout é uma tecnologia de monitoramento realizada por drones, já utilizada por 53% dos parceiros, que é capaz de monitorar 5 mil plantas em 20 minutos.
Os sensores de solo CropX fazem mapeamento de regiões e microrregiões do país com detalhes de suas condições ambientais e climáticas.
Power BI para gestão em 100% dos parceiros PepsiCo
Sistemas de irrigação inteligentes em 50% dos seus parceiros, que fornecem tecnologias de irrigação mais eficientes e reduzem o uso de água nas culturas.
Parceiros de longo prazo
A PepsiCo conta atualmente com cerca de 25 agricultores parceiros no Brasil para a produção de batata, alguns deles há quase 30 anos. Algumas famílias já estão na terceira geração de relacionamento com a empresa.
Eles cultivam aproximadamente 300 áreas de batata por ano, o que leva à geração de 2.000 empregos diretos e cerca de 5.000 empregos indiretos, em seis estados brasileiros (Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
“Nosso programa de parceria com produtores tem visão de longo prazo e um relacionamento muito sólido. Isso ajuda a enfrentar os obstáculos de forma mais assertiva e com a troca de experiências e contratos que visam beneficiar ambas as partes”, comenta Galvão.
Segundo ele, a principal missão da PepsiCo é monitorar e desenvolver boas e avançadas práticas agrícolas junto aos produtores para produzir as melhores batatas do mercado brasileiro dentro de sua estratégia ESG.
Por exemplo, o programa estabelece 150 requisitos que esses agricultores precisam de cumprir para provar que as suas batatas são 100% sustentáveis. Essa meta vem sendo cumprida desde 2019.
Próximo passo: batatas regenerativas
A PepsiCo possui também no Brasil três fazendas demonstrativas, chamadas Demo Farms, que servem de modelo para novas tecnologias de cultivo e aplicação de práticas de Agricultura Regenerativa.
“Estamos expandindo as áreas de nossas fazendas de demonstração para duplicar o número de hectares até 2030. Nessas “fazendas de demonstração”, implementamos cobertura do solo, prevenindo a erosão e melhorando a saúde dos solos, bem como aplicação de fertilizantes de baixo carbono, entre outras práticas. Depois disso, compartilhamos as tecnologias aprovadas com nossos produtores parceiros”, acrescenta.
A iniciativa está incluída no ´Positive Farm Outcomes Fund´, lançado globalmente em agosto de 2021, quando a PepsiCo oferece ferramentas e apoio para acelerar projetos inovadores dentro do pilar da Agricultura Positiva.
Os investimentos destinam-se a “impulsionar” iniciativas promissoras, acelerando o desenvolvimento de tecnologias e abordagens inovadoras que podem ajudar a expandir a adoção de práticas agrícolas regenerativas em todo o mundo.
Investimentos em projetos
Ao longo de 2021 e 2022, o Fundo de Resultados Agrícolas Positivos investiu em mais de 20 projetos diferentes, para atingir US$ 27 milhões até 2026. Mundialmente, a PepsiCo pretende implementar práticas agrícolas regenerativas em 2,8 milhões de hectares até 2030.
Esta área equivale a quase 100% hectares da terra usada em todo o mundo para o cultivo e fornecimento de insumos para a PepsiCo.
“No Brasil, este programa apoia parcerias com instituições públicas de pesquisa agrícola e universidades para ajudar os produtores de batata a melhorar a saúde do solo, com testes já sendo realizados nas fazendas de demonstração da empresa”, detalha.
O projeto procura estabelecer protocolos que permitam identificar as condições biológicas do solo em áreas de produção de batata, recuperando áreas problemáticas, para reduzir as emissões de CO2 e a incidência de doenças.
Melhorar a saúde do solo e a biodiversidade
Galvão diz que os agricultores parceiros já mantêm um conjunto de práticas que melhoram e restauram os ecossistemas, ao mesmo tempo que criam resiliência.
Em suma, as suas ações incluem a melhoria da saúde do solo; sequestrar carbono e reduzir emissões; melhorar a saúde das bacias hidrográficas; proteger a biodiversidade e fortalecer os meios de subsistência dos agricultores.
“Os produtores brasileiros utilizam diferentes técnicas para restaurar e devolver vida a diferentes tipos de solo, como manter o solo com cobertura vegetal na entressafra, pesquisar variedades de plantas forrageiras que tragam melhores resultados na saúde do solo e também prevenir a erosão”, conta.
Fuente: https://news.agrofy.com.br/noticia/202740/como-tecnologia-duplicou-produtividade-da-batatas-chips-no-brasil